Troca de Seringas

Programa de Troca de Seringas “Diz não a uma seringa em segunda mão”

O programa de troca de seringas (PTS) foi implementado em 1993, tendo como principal objetivo a prevenção da transmissão da infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) entre os/as utilizadores/as de drogas injetáveis (UDI), através da distribuição de material esterilizado e da recolha e distribuição do material utilizado. O campo de intervenção foi inicialmente limitado às farmácias comunitárias, que garantiam aos UDI o acesso ao programa em diferentes zonas geográficas do país, permitindo um alcance de ação dificilmente igualável por outro sector. Desta forma, para aumentar a cobertura e melhorar a adequação do PTS às necessidades dos contextos sociais e locais, foram implementados postos móveis em 1993. Desde 1999, foram formalizadas parcerias com organizações governamentais e não-governamentais, que visam alcançar populações que, pelas suas características, não se conseguem contactar de forma eficaz através dos serviços existentes ou pelos canais convencionais.

Desta forma, desde 2004 que a Associação Novo Dia – Associação para a Inclusão Social em parceria com a Associação Nacional de Farmácias (ANF), ingressou neste projeto com uma unidade móvel direcionando-se, desde o inicio, para os/as utilizadores/as de drogas injetáveis, na medida em que estão identificados/as como de risco na transmissão do vírus da sida e de outras doenças tais como hepatite C . O objetivo concentra-se na promoção de alterações de comportamentos, minimizando o risco de infeção, presente quer na utilização de drogas por via endovenosa, quer na prática de sexo desprotegido, abarcando propriamente as zonas do Campo de São Francisco, Calheta, Jardim da Zenide, Santa Clara, Ribeira Grande, Ribeirinha, Fenais da Luz, Calhetas, Poços, Capelas, todas as segundas feiras no horário das 17h00 às 21h00 em regime de voluntariado por parte da equipa, constituída por animadores/as socioculturais, psicólogos/as, técnicos/as de serviço social, sociólogos/as e por voluntários/as estudantes de áreas similares.

Assente na mensagem “Diz não a uma seringa em segunda mão”, o programa propõe-se: a prevenir a transmissão endovenosa e sexual do VIH e outras doenças na população utilizadora de drogas injetáveis; evitar a partilha de seringas facilitando o acesso a seringas estéreis; evitar o abandono e reutilização de seringas recolhendo-as para destruição; promover o uso de preservativos; divulgar informação personalizada sobre doenças infeciosas.

O kit, gratuito, tem vindo a ser atualizado ao longo do tempo, visando dar resposta a diferentes necessidades na prevenção do risco, incluindo atualmente:

  • duas seringas estéreis;
  • dois toalhetes embebidos em álcool a 70º;
  • um preservativo;
  • duas ampolas de água bidestilada;
  • um filtro;
  • duas caricas;
  • duas carteiras de acido cítrico
  • um saco de plástico.

A troca de seringas é a face mais visível deste programa, mas a estratégia de redução de risco não se esgota neste ato. Assim, no centro do diálogo estão mensagens como: não partilhes a tua seringa nem os restantes materiais de injeção; não te sirvas dela mais do que uma vez; não a deixes ao abandono; pratica sexo seguro, usa o preservativo, bem como o “enamoramento” do doente canalizando-o para os vários tipos e estruturas de tratamento mais adequado a cada problemática, existente na Ilha de São Miguel.

Esta sensibilização visa a proteção da saúde individual do utilizador de drogas, mas também da comunidade envolvente: o elevado grau de infecciosidade destas doenças fazem com que as mesmas ultrapassem a esfera pessoal e se transformem numa ameaça à saúde pública.